Quando se fala em orientação vocacional e profissional devemos levar em consideração todas as peculiaridades que o tema envolve, há por exemplo, de se considerar o passado, o histórico do indivíduo, e verificar quais são as referências que ele tem quando o assunto abordado é o seu futuro profissional, por exemplo, o que viu desde a infância e quais dessas profissões lhe chamaram mais a atenção; não é difícil hoje em dia encontrarmos pessoas que fazem o que não gostariam de fazer, ou que gostariam muito de realizar outro tipo de atividade, mas não tem oportunidade ou condições de realizá-la por diversos motivos.
As dúvidas levantadas pela pessoa são inúmeras, tais como: “O que essa profissão faz?”, “Como posso fazer para executar essa profissão?”, “Será que o mercado de trabalho é promissor nesta profissão?”, “Como as pessoas irão me ver estando nessa profissão?” entre outras perguntas que consomem o raciocínio de adolescentes, jovens e adultos, pois vemos que essa situação acontece com pessoas de todas as idades, em todas as classes sociais, em todos os lugares.
Embora algumas pessoas busquem satisfação no que faz, nem sempre elas conseguem estar cem por cento felizes por imaginarem que o trabalho delas ou que elas estão fazendo não lhes pertence, mas sim, pertence a outra pessoa, ao empregador, ao chefe, a pessoa que lhe contratou, etc. devido a terem o pensamento que estando em um mundo capitalista, estão sendo explorados, trabalhando muito, ganhando pouco e enriquecendo os patrões.
Outras pessoas encontram-se em situação de indiferença, não se preocupando com as questões relacionadas ao futuro profissional, por imaginarem que é algo distante, ou que por mais que realizem algum esforço o futuro delas está traçado e fadado ao o que acontecer, ao que surgir de oportunidades na vida; geralmente podemos ver esse quadro em adolescentes e pessoas que se esquivam de enfrentar a realidade e deixam de ter atitudes proativas para transformar a sua própria vida e meio em que está inserida.
Há ainda aquelas pessoas que se esquivam de enfrentar o mercado de trabalho por medo do desconhecido, não sabe o que vai encontrar pela frente, e portanto, preferem se anular diante da situação, fingir que não existe, e vivem como se as questões relacionadas ao trabalho fosse algo extremamente inútil para se preocupar.
Há pessoas que mesmo exercendo determinada função sentem que não tem vocação para tal, imaginam-se como “peixe fora d’água” e por isso angustiam-se, deprimem-se e acreditam que não há possibilidades de rever esse quadro por diversos motivos, entre eles idade, estabilidade, ganhos financeiros, família, entre outros. Nesse caso vê-se a necessidade dessa pessoa encontrar a sua vocação para que possa então exercer aquilo que goste e lhe satisfaça, caso contrário, precisará fazer um bom sacrifício com muitas “lições de casa” para conseguir se enquadrar na profissão que exerce e viver numa relação mais “tranquila” com a sua profissão.
Por outro lado, vemos a necessidade do mercado de trabalho em ter profissionais cada vez mais qualificados nas mais diversas áreas para que se possa suprir a demanda, e pode-se dizer que o mercado de trabalho também dita as “regras do jogo”, ou seja, quais profissões estão em alta, quais ele procura, quais qualificações ele deseja, e assim exige-se que o profissional de hoje, ou quem quiser entrar no mercado de trabalho, se adapte ao que o mercado oferece tanto em profissões, quanto remunerações, benefícios, escolaridade, qualificações, etc.
Não é difícil encontrarmos também pessoas que atualmente exercem uma função sem ter as qualificações ou competências necessárias para tal, vivem como quem “caiu de pára-quedas” na ocupação que realizam e aí percebemos outros erros, tanto no cenário da contratação ou promoção, como também um problema gerencial. O complicado dessa situação é que todos percebem que a pessoa está no lugar errado, realiza atividades incompletas, não entrega o resultado esperado, comete infrações, prejudica o trabalho da equipe, cometendo erros que podem prejudicar outras pessoas e até ela mesma, porque pode se sentir frustrada por não atingir os seus objetivos pessoais e profissionais, mas pelo fato de ter algum grau mínimo de compatibilidade com a função, permanece, ocupando o lugar de outra pessoa que poderia render mais por ter maior compatibilidade com o cargo.
Outro dilema que vemos no ambiente profissional é o de haver pessoas que por exercerem a função por muito tempo não conseguem enxergar meios para inovar a sua existência profissional, ou seja, se acostuma com a rotina, e isso a impede de enxergar novas oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional, entram em uma onda narcisística e acham que tudo deve funcionar como ela acha, algo parecido como se “tudo gira em torno do Sol” e ela como a estrela maior, todos devem reverenciá-la, inclusive o mercado de trabalho. Infelizmente também percebemos esse cenário em pessoas que procuram o primeiro emprego, recém saídos da universidade, com uma bagagem técnica muito boa, mas, sem a prática e a experiência que o mercado exige.
Não podemos deixar de citar aqui os interesses que cercam as pessoas e que podem influenciar as escolhas das profissões, entre eles o status, o poder, os ganhos financeiros, oportunidade de carreira, e como é um processo de dupla escolha, onde a empresa escolhe o candidato e o candidato escolhe a empresa, tudo isso pode pesar favoravelmente ou não na hora da decisão.
Mediante aos quadros de incompatibilidade da pessoa com a profissão percebemos muitas reações: o abandono do papel ainda que exercendo a mesma função, a migração, a estagnação, entre outras, porém a melhor e a mais adequada solução é a inovação, que dá a oportunidade para a pessoa criar meios alternativos de atender as demandas profissionais.
Tudo isso faz com que a pessoa se pergunte a todo instante: “Eu realmente tenho a liberdade de escolha?”. Como vemos são vários os fatores que justificam a escolha profissional, fatores que podem até mesmo definir essa escolha independente da vocação da pessoa e criar uma identidade profissional não considerando os interesses dela.
Em meio a tantos cenários, atualmente há necessidade de respondermos algumas perguntas se queremos entrar ou permanecer no mercado de trabalho: “Qual é a minha identidade profissional?”, “Como me imagino daqui a algum tempo exercendo essa profissão?”, “Possuo as qualificações e competências necessárias para o exercício dessa profissão?”, “Consigo me adaptar as necessidades dessa profissão?”
Os dilemas da orientação vocacional e profissional permeiam vários cenários, com os seus respectivos problemas, os do mercado de trabalho, os da empresa, e os da pessoa.
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